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Pesquisadora da Unemat está entre as melhores do mundo na área de Ecologia e Evolução

A professora e pesquisadora Drª. Beatriz Schwantes Marimon, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), câmpus de Nova Xavantina, foi apontada entre as 100 melhores cientistas na área de Ecologia e Evolução do Brasil, de acordo com o ranking da Research.com. É a única professora universitária de Mato Grosso a entrar na lista da Research.com, assumindo o 58º lugar em nível nacional e 4.004º, internacionalmente. Foram examinados mais de 11.774 estudiosos do mundo, com dados coletados em dezembro de 2022.

De acordo com ela, para um grupo de pesquisa se projetar, atuando em um estado ainda periférico em termos de produção científica, é necessário doar muito da sua vida, trabalhar em equipe e ter paixão pelo que se faz. “A importância de integrar esse ranking é enorme, pois estamos junto de nomes que são referência nacionais e internacionais na área. Mas eu só cheguei lá porque tive a ajuda e parceria de excelentes alunos, professores e pesquisadores brasileiros, mato-grossenses e, também, parceiros internacionais”.

A Unemat foi a única instituição de Mato Grosso a ter um nome de pesquisadora na lista. “Eu espero que isso sirva de inspiração para outros professores da instituição. A Unemat tem muitos professores competentes, altamente produtivos, trabalhando com afinco e, muitas vezes, com muita dificuldade para pesquisar no interior do Brasil. Então, de certa forma, é bom poder mostrar que, mesmo estando no interior do interior, a gente consegue realizar as coisas”, avaliou a professora Marimon.

Em entrevista, concedida por Beatriz Schwantes Marimon à equipe da Assessoria de Comunicação da Unemat, ela fala sobre o reconhecimento da comunidade internacional e avalia como é desenvolver pesquisa em Mato Grosso. Leia abaixo:

CIÊNCIA SE FAZ EM EQUIPE

Eu não conseguiria conquistar essa posição no ranking se eu estivesse sozinha, isolada e não gostasse de trabalhar com as pessoas, se não compartilhasse com elas o meu conhecimento e, também, aprendesse com elas. É impossível a gente fazer parte de uma lista assim, de tantas produções acadêmicas, fazendo sozinho. Todos que estão naquela lista trabalham em parceria com outras instituições e, principalmente, com outros pesquisadores.

Muito além do meu esforço pessoal, eu devo meu sucesso aos meus alunos, ex-alunos, meus colegas, parceiros e amigos com quem eu trabalhei, trabalho e ainda trabalharei. Cada vez que a gente vai para uma floresta ou cerrado coletar dados, a gente aprende, passa por experiências novas, conversa com pessoas da comunidade. Quando a gente recebe um pesquisador inglês ou americano no nosso laboratório ou visita a universidade deles, está aprendendo. Essa interação com pessoas, na minha opinião, é o segredo do sucesso de um bom pesquisador.

O princípio do nosso laboratório é: uma mão lava a outra. Uma pessoa tem que ajudar a outra. Cada aluno novo que entra no laboratório tem duas coisas a fazer: se dedicar para crescer intelectualmente e ajudar o seu colega naquilo o que ele precisar. Se a pessoa entra com esse princípio, começa logo a publicar e, muito rapidamente, alcança sucesso.

PAIXÃO PELA CIÊNCIA

Não é fácil desenvolver pesquisa em um estado ainda periférico. Mas fica muito mais fácil, quando você é absolutamente apaixonada pelo que faz e está no estado de Mato Grosso.

Eu acho que o que ajudou a nossa equipe a ter projeção foi exatamente essa paixão, que foi contaminando. Eu não sou a única apaixonada por pesquisa no nosso laboratório. Temos vários apaixonados. A gente tem muitos alunos aprovados em concurso, temos dois alunos fazendo doutorado sanduíche no exterior e, em anos recentes, tínhamos seis [acadêmicos] passando uma temporada na Inglaterra.

Somos uma grande equipe de apaixonados pela biodiversidade, pela fauna e pela flora, principalmente, porque o nosso laboratório é da área de vegetação do estado de Mato Grosso.

ESTADO RICO POR NATUREZA

O grande valor que a Unemat tem, o seu grande trunfo, chama-se Mato Grosso. Somos o único estado da federação com três biomas: Floresta Amazônica, Cerrado e Pantanal. Somos os únicos com toda essa potencialidade ambiental, isso sem falar dos povos indígenas que aqui habitam. O estado tem uma incrível diversidade de biomas, de fauna, flora, e ainda essa diversidade cultural.

É mais fácil fazer pesquisa na área ambiental quando você é presenteado com tudo isso e, basicamente, o que você tem que fazer é botar a mão na massa: ir a campo, atuar e trabalhar, inclusive, sem recursos. Porque os recursos só começaram a aparecer para a gente depois de muitos anos trabalhando, muitas vezes, colocando dinheiro do bolso.

PESQUISA FORA DOS GRANDES EIXOS

A pesquisa ecológica, no Brasil, está muito concentrada no eixo Rio – São Paulo, inclusive, nos programas de pós-graduação é gritante a diferença. Chega a ter cidades com 50 km de distância uma da outra, com cursos da área de Ecologia. Na Amazônia e no Centro-Oeste, a proporção de cursos nessa área é mínima, é muito muito pequena pelo tamanho do território que esta grande região ocupa.

Se a gente olhar bem, a biodiversidade remanescente no estado, e que ainda precisa ser bastante estudada, está concentrada exatamente no Norte e no Centro-Oeste. São justamente as regiões que têm menos programas de pós-graduação. Então, nós estamos com a faca, o queijo e tudo na mão. Vamos ter que superar algumas dificuldades, mas chegaremos lá, com certeza.

UNIVERSIDADE PRESENTE NOS TRÊS BIOMAS

Não é fácil trabalhar no interior, temos muita carência de estrutura. Mas, se a gente consegue superar essas primeiras barreiras dentro de um estado riquíssimo como o nosso, o resto vem mais ou menos automaticamente.

Eu tenho certeza de que o futuro da Unemat é grandioso porque ela está neste estado maravilhoso, que é o único do Brasil que tem os os três biomas representados. Existem câmpus da Unemat espalhados por todo o estado. Não tem como a gente não se tornar uma referência nacional e internacional em pesquisa científica e produção de conhecimento de qualidade.

Se a gente conseguir recursos para melhorar um pouco a estrutura interna da instituição, fazer desabrochar essa paixão dos nossos professores incríveis e criarmos um espírito de trabalho em parceria e crescimento coletivo, com certeza, em 10 anos ninguém segura a Unemat.

SAIBA MAIS

A prof. dr. Beatriz Schwantes Marimon estuda, principalmente, Ecologia, Floresta Amazônica, Riqueza de espécies e Biodiversidade. Seu estudo biológico abrange uma ampla gama de tópicos, incluindo táxons, mudanças climáticas e dinâmica florestal.

A professora Beatriz possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Mato Grosso (1987), mestrado em Botânica pela Universidade de Brasília (1997), doutorado em Ecologia pela Universidade de Brasília (2005) e pós-doutorado pela University of Leeds, Inglaterra (2012-2013). Docente concursada na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), de Nova Xavantina (NX), entre 1992 e 2020, quando passou a atuar como professora sênior. É professora permanente dos programas de pós-graduação em Ecologia e Conservação (Unemat-NX), Ciências Ambientais (UNEMAT-Cáceres) e Biodiversidade e Biotecnologia (Rede Bionorte). Desde 2005, coordena o Laboratório de Ecologia Vegetal da Unemat, em Nova Xavantina. Participa das redes Rainfor (University of Leeds) e Global Ecosystems Monitoring (University of Oxford) e coordena, desde 2010, o projeto Transição Cerrado-Amazônia: bases ecológicas e socioambientais para a conservação (PELD-CNPq).

SOBRE O RANKING

O Research.com é uma plataforma acadêmica para cientistas de todo o mundo. Os cientistas são avaliados por área, gerando o índice H por cientista dentro da sua área específica. A posição no ranking Research.com é baseada em dados bibliométricos, que incluem número de artigos e dados de citações de determinada disciplina analisada, prêmios e realizações dos cientistas, o índice H (H-index).