Dia a dia

Reeducandos expressam através da arte mudanças estimuladas por projeto

De costas, um homem aparentando ter em torno de 30 anos, usando calça jeans e uma camiseta amarela, observa à sua frente uma árvore seca com apenas duas folhas verdes. A cena foi retratada em tela por um dos 12 reeducandos que participaram do último encontro do Projeto Reconstruindo Sonhos, na Colônia Penal Agrícola de Palmeiras, a 90 km de Cuiabá. O objetivo da atividade foi estimular os participantes a expressarem pela pintura as mudanças internas proporcionadas após as reflexões realizadas ao longo do projeto.

“Esse projeto foi muito importante, mudou a minha forma de pensar. O meu quadro representa uma pessoa, uma árvore seca, mas com duas folhas verdes, pois enquanto existir vida, há esperança”, revelou o autor da pintura.

“Aprendemos muito, não das coisas de fora, mas das coisas que moravam dentro do nosso coração. Coisas que não temos o costume de discutir no nosso dia a dia, que a gente tem vergonha, preconceito, que nem sempre conseguimos falar. Em cada encontro, conseguimos abrir um pouquinho do nosso peito para falar, para pensar mais sobre aquilo que a gente realmente sente”, destacou um outro integrante da turma.

Para Henrique Schneider Neto, promotor de Justiça em Santo Antônio de Leverger, o Reconstruindo Sonhos representa a materialização dos princípios estabelecidos na Lei de Execução Penal (LEP). “A magia está aqui. O que as aulas de LEP tentaram transmitir, estão sendo vivenciadas aqui na prática”.

O promotor de Justiça também falou sobre inclusão e a importância do autoconhecimento. “Quem não olha para dentro nem se autoconhece e tampouco consegue desfrutar da luz divina que concebe e orienta a vida humana”, enfatizou.

O autoconhecimento é uma das propostas do Reconstruindo Sonhos. No decorrer do projeto, os reeducandos foram estimulados a refletir sobre valores, traumas, espiritualidade, relações interpessoais, família, comunicação, trabalho, perspectiva de futuro e planejamento A iniciativa contemplou ainda a oferta de cursos profissionalizantes.

Na Colônia Penal Agrícola de Palmeiras a turma participou dos cursos de olericultura básica, fabricação caseira de farinha de mandioca e polvilho e manejo e recuperação de pastagens. As qualificações foram oferecidas pelo Senar.

A solenidade de encerramento do Reconstruindo Sonhos foi prestigiada pelo promotor de Justiça e coordenador-adjunto do Centro de Apoio Operacional da Execução Criminal, Roberto Arroio Farinazzo, pelo diretor da unidade, Isaías Marques de Oliveira, pela superintendente de Políticas Penitenciárias, Gleidiane Custódio da Silva Assis e das multiplicadoras do projeto Gleice Kelly Alves da Silva e Eloize da Costa Gonçalves.

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